segunda-feira, 11 de junho de 2012

Paulo Mendes Campos, A Mário de Andrade; BH, 01106002012.


Não sei que mãos teceram teu silêncio. 
Morto.
Estás morto.
Sonhas morto?
Morto. 
Espantalho fatal, onde flutuas 
Acordas borboletas tresvairadas.
Tua morte chegou nas folhas secas 
Mas nada vi no ventre da noitinha, 
Que não interpretei nas alegrias 
Tua razão mais bela de acabar.
A noite está coalhada de formigas. 
A cruz amarga a fé desesperada. 
Há formigas na treva de tua morte 
E em mim erram punhais entrefechados.
O simples tempo agora abre a vidraça. 
Desarmaram nos campos a barraca. 
Chega do canteiro a razão – flor 
Para agravar sinais do inevitável.
O silêncio borbulha nos esgotos. 
Bebamos o licor de tua morte. 
Enquanto se suporta a solidão. 
Tua morte foi servida numa salva.
Cisnes feridos, franzem meu destino. 
Os convivas, as moças, as vitrinas 
Não sabem que paraste.
Mas eu sofro 
O sono vegetal dos passarinhos.
Mas eu sofro. 
Eu e o morto que conduzo 
Vamos sofrer até de manhãzinha. 
Vamos velar aflitos sobre a terra 
Que desviou o teu olhar das rosas.

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