Estou triste não tenho consciência de nada não fui concebido
De razão não tenho noção ou compreendimento das coisas que
Acontecem na realidade minha vida é inútil sem sentido prático
Não pratico nenhum tipo de atitude racional meu pensamento
Nunca interessou à humanidade minha opinião não serve para
Esclarecer a luz do sol nem a fenomenologia do universo
Minha filosofia não trará evolução à espécie é visível não tem o
Significado do ar que é invisível é significativo para a vida o
Desassossego não tenho a importância d'água da comida ou
Do petróleo não mato a fome de quem tem fome nem a sede de
Quem tem sede não mato a curiosidade do curioso nem sacio a
Mulher com desejo todos me olham com desprezo pois causo
Repulsa nojo desdém quando passo falam nada tem nenhum
Vintém não tem profissão não estudou não tem qualidade vale
Menos do que um carro velho é mais solitário do que um pneu
Careca abandonado encostado num muro não dou nem um murro
Na sociedade não bato na classe política não derrubo a burguesia
Nem culpo a elite pelas desgraças pelas misérias do povo ou da
Nação estou muito triste é a única coisa de que sou consciente não
Tenho amigos nem irmãos não tenho amores nem cifrões gosto
De fingir de brincar de escrever nada tenho feito de importante pela
Humanidade isto só me faz chorar ao céu azul fico ainda cada vez
Mais triste o mar me entristece não supero as vãs deficiências que me
Acompanham minha mente me deixa na ilusão a verdade não entra
Apresento-me ridículo piegas na covardia na falta de coragem
Não enfrento o vento nem a chuva nem o dia nem a noite não
Enfrento nada nem o homem nem a mulher donde se tira a coragem
Para enfrentar as agruras? caráter não tenho informação me falta
Fico sem saber como fazer para acabar com a tristeza que destrói meu
Ser não nego que procuro não sei o que não nego que nem sei o que
Quero fujo de todos pois não estou preparado para enfrentá-los
Fugir foi a única coisa que aprendi não posso isto para os herdeiros
Da humanidade até agora não sei se sou humano se faço parte da
Raça humana ou se sou outra coisa qualquer que não sei o que estou
Pior do que Sócrates que bebeu cicuta pior do que os renegados
Dos que foram perseguidos na Noite de São Bartolomeu ou foram
Crucificados ou enforcados só sei que sou estou pior do que todos
Um escravo dos escravos a escravidão o navio negreiro dos
Condenados a nau dos desesperados a água contra os rochedos o
Martelo contra o prego o vento contra a poeira o deserto contra a
Natureza sou o mármore antes da criação a criação diante do
Mármore o bronze diante do escultor estou triste pois sou a
Cabeça vazia de sabedoria a mente vaga de inteligência o corpo
Cuja chama se apagou dissipou-se na fumaça todos os propósitos
Que fiz ficaram sem propósito, abandonei todos os planos
Estratégias fiquei sem saber o fim dos mistérios pois não usei os
Estratagemas não usei as táticas essenciais não soube nada disso
Que acaba com tristeza crônica com defeitos eternos ideologias
Ideias que cheiram mal estou triste mas não é pela morte estou
Triste é pela vida estou triste é quando olho para atrás não quando
Olho para a frente quando olho para a frente sempre vejo ou posso
Ver alguma coisa quando olho para atrás nunca vejo nada é muito
Triste passar assim pela vida não deixar nem memória nem lembrança
Nem recordação Beethoven deixou a Nona Camões Os Lusíadas
Tiradentes os pedaços pelas estradas de Minas Gerais eu? não tenho
Sangue não tenho um pedaço de mim não tenho uma cabeça para deixar
Espetada num poste uma palavra para levar a quem precisa ou um olhar
Para espalhar pela saudade dos que sofrem dela estou triste não fecharei
Meu círculo com chave de ouro deixarei tudo por fazer faltará tudo que
Poderia completar complementar meu ser deixarei a vaga para alguém
Que saiba vencer a tristeza
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