Preciso tomar fôlego ressurgir das cinzas dar a volta por cima
Apesar de ser um derrotado já viver acostumado com todas as
Minhas derrotas ainda me sinto arrochado apertado com um
Arrocho muito grande dentro de mim meu coração está
Comprimido o meu sangue difícil de digerir foi uma cacetada
Fatal letal no alto da moleira jamais recebi paulada assim
Decepou-me a orelha uma arrochada pancada que esmigalhou-me
O crânio esfarelou-me o cérebro amassou todo o pensamento
Arrocado criado numa forma de roca chega de arrobustar em
Mim a insânia tornar-me cada vez mais robusto insensato vou
Pedir um xarope uma conserva de vários frutos um arrobe de vinho
Morto apurado ao fogo para ver se consigo crescer dentro de mim
Deixar de baixeza de arrobar a vergonha avaliar pesar por
Arrobas a simples vista para tirar da curvatura das minhas costas
O peso da consciência do remorso pois sei que foi demais o meu
Arrombamento foi demais a pesagem de todo o meu comportamento
Superar o arrobamento pesei de vergonha mais do que uma rês
Que tem muito peso de muita carne foi cruel a arrobação de lama
Lodo que carrego na alma um barro que não me deixa é pois o
Sufixo o prefixo possivelmente de origem basca que exprime a
Ideia aumentativa de quando estou bebarro afogado igual ao
Chicharro um carapau grande, de certa espécie de peixe apresenta
Variantes na barra de bocarra do glutão bicho-papão a porra da
Sapatorra cujo sentido é às vezes mais depreciativo pode-se
Combinar-se com outros sufixos prefixos como sem santarrão é o
Santo mais o barro mais o ocão depois de tudo isso ainda
Não aprendi a ser de arrizo a viver sem raiz em radícula aparente
Arrizar nos motivos meter nos rizes atar prender com cordas
A pior hora do dia é quando começo a arrispidar-me com todos
Tornar-me ríspido com os meus semelhantes intratável com as
Pessoas que me cercam gostam de mim acabo por cair em
Todas as armadilhas caio em todos os logros sofro todas as
Ciladas vítima das falcatruas preso no laço na esparrela duma
Arriosca enganadora que traz na contramão um arriós tipo bala
De arcabuz para arrebentar contra o meu peito na boca uma fava
Amargosa de casca grossa cinzenta o fel ao arrió no arrinconar
Do arriol que me mete em rincão me faz encurralar no medo
Acantoar na covardia arrincoar na ilusão dum dia não repetir os
Mesmos erros encontrar o motivo arrimador que poderá modificar
A minha vida encontrar aquela que me arrima põe em mim a minha
Poesia o arrimadiço do meu poema que não venha a arrimar os
Parasitas que povoam Brasília que ao navegar nas trevas dos mares
Não colidir nos recifes não naufragar nos arrifes aquele ser rixoso
Aquele rifador brigão ciumento orgulhoso invejoso que só sabe
Arrifar igual o cavalo que não serve nem para a arrieirice porém
Só arridar prender as arridas nos botões segurar com arridas cordel
Que prende os toldos às beiras dos escaleres dos navios fantasmas
Negreiros que cada um de nós trazemos dentro de nós por nossa
História por nosso passado não adianta arrizar falar que não
Conhece não adianta eriçar fingir erriçar fugir enrijar agredir
Arrijar discriminar usar de racismo o negro está aí cada um de
Nós trazemos dentro um negro na nossa herança não adianta negar
Por mais que queiramos manter arriçado o nosso passado como
Amarrado com cordas arrizado o nosso conhecimento eriçada a falta
De sabedoria é de deixar qualquer um arrepiado com a nossa ignorância
A nossa chegada ao futuro terá que ser importante como toda a nossa
Arribação toda a nossa importação daquilo que já foi nosso nos foi
Roubado na colonização é o nosso arribe histórico o nosso retorno às
Nossas raízes a nossa volta por cima é deixar de morar em arribana
Em choupana de recolher gado deixar de morar em palheiro em curral
Como animais para viver com dignidade em casas à altura da
Condição de vida dum povo evoluído independente todas as
Nossas riquezas que ainda hoje como um arribadiço tais aves de
Arribação passam aos bolsos da especulação financeira internacional
Numa ciranda arribada de orgia perversão ânsia lutaremos para
Impedir inverter a situação brigar pela preservação para fazer valer
Nosso sangue fazer valorizar a nossa pobre história que até
Hoje quando é contada envergonha aos nossos filhos
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