Dias desses ao ouvir Zappa numa fita
No meu velho tocador de fitas saí
Para o quintal vi em cima
Do muro um beija-flor no arame da
Cerca um calango longo logo embaixo
Porém também em cima do muro até hoje
Vivo intrigado sem saber para onde
O calango estava a olhar para aonde
O beija-flor voou sei que era dia de
Domingo de tarde o Atlético jogava
Com o Palmeiras no Palestra Itália
O jogo estava empatado em um a um
Zappa tocava enfurecido o céu estava
Mais azul do que nunca a tarde
Calma mas já empobrecida sem
A presença do calango com a ausência
Do beija-flor o vento farfalhava as folhas
Da mangueira que já parecia querer
Engolir a goiabeira a laranjeira só
Resistia por que estava bem à parte quando
Será que vislumbrarei novamente neste
Século de minha vida um quadro
Composto com um beija-flor um calango?
Ter de fundo um céu tão azul? quando
Será que a poesia reunirá novamente
Esses dois universos tão distintos um herdeiro
Do dinossauro o outro talvez do pterodáctilo
Ou doutro antepassado qualquer mas
Uma coisa tenho certeza só a poesia
Para reunir coisas tão inspiradoras é
Por isso que devemos estar sempre de vigília
Atentos ao que nos surpreende com
Imagens tão belas justamente quando
Não estamos a observar a natureza.
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