O que fazer das letras? palavras?
O que fazer das palavras? silêncio?
Não sei fazer nada nem um ninho
Não sei voar igual a um urubu
Pensar? o que fazer do pensamento?
Até um joão-de-barro sabe construir
Uma borboleta sabe voar peixe nadar
Nada sei sou conciso até na coragem
Amplo na covardia no medo
Não escondo-me da vergonha
Pois alimento a busca a esperança
De vencer um dia estes obstáculos
Inteligência então é uma causa perdida
Sabedoria nem imagino adquirir
Verdade algo que desconheço perdi o elo
Só a mentira apodera-se do meu ser
Nem a liberdade tenho doença a
Falta de cura o preconceito
À vítima do racismo sou cego
Sorte não tenho nem a má só azar
O que fazer deste céu azul? destas montanhas?
Se não sou poeta não apresento poesias
Nem poemas as odes mudas as elegias mortas
Meu cérebro está furado oco sem eco
Olho os safos nos sofás satisfeitos
O resto do mundo? o planeta?
Deixa que a fome irá devastar
As epidemias os surtos de doenças
Aids África Ásia Oriente Índia
O que fazer? as soluções não aparecem
Só as palavras transformadas em letras
Só as letras sem vestígios de palavras
Só o silêncio da indiferença eterna
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