Guardo no coração adormecido
Um único núcleo interno
Carrego no corpo de esqueleto estarrecido
A ociosidade do núcleo externo
Vim vivo do manto obscuro
Dum texto embebecido da pura poesia
Sobrevivi na crosta deste poema à elegia
Não saí do ovo nem passei pela cloaca
A casca era dura-mater para um ser tão fraco
Alguém não compreende ninguém
Para ninguém falar não é ter
Para alguém ter é mais do que ser
Para ninguém fazer é mais do que ter
Para alguém fazer não é ter nem ser
Ninguém então prefere ser do que ter
Alguém então jamais compreenderá ninguém
Inveja arrogância soberba ganância
Cobiça gula orgulho preguiça
A euforia pegou-me pela boca
Pelos olhos ouvidos nariz
A mentira soltou-me a língua
Numa tortura dum rosto
Na escuridão uma alma nas trevas
Perdi a intensidade do meu olhar
Esqueci daquele que nunca foi feliz
Guardo no coração interno
Um único núcleo adormecido
Carrego no corpo de esqueleto externo
A ociosidade do núcleo estarrecido
Vim vivo do manto de pura poesia
Dum texto embebido de obscuro
Sobreviver na crosta deste poema à elegia
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