Sombras pairam sobre mim penumbras
Envolvem meu ser manto de trevas encobrem
Minh'alma o meu espírito nunca será lâmpada
Para os meus pés nem meu conhecimento luz
Para os meus caminhos pedras saibros espinhos
Não tenho discernimento necessário que me livre
Desses percalços daninhos quem passa não me olha
Quem me olha não me vê quem me vê não me
Enxerga quem me enxerga não me conhece
Quem me conhece não me reconhece sou
Desconhecido anônimo até para mim mesmo
Muros pontes igrejas já arrastei-me por essas paragens
Já vi essas paisagens já senti essas aragens mas
Através dos tempos eras ocasiões fui muitas vezes por acaso
Ver o ocaso contei causos das cousas que muitos
Fazem pouco caso mas que para mim tem importância
De vida sem fim nuvens pairam sobre mim
Sobrecarregadas densas pesadas frutos do meu passado
Impedem o sol de brilhar o meu resplandecer
Abortam as manhãs fazem cesárias no amanhecer
Abandonam meu dia em sacolas de supermercados
Em latas de lixo enrolado em mantos às portas
De casas de desconhecidos o dia se torna
Eterno anoitecer adotado por outros pais tem
Outra família irmãos outros seres que são geneticamente
Incompatibilizados quando meu dia precisa
De doação de medula de sangue de órgãos morre
Sem esperança nada é compatível tudo é rejeitado
Na noite as estrelas não vêm a lua some não
Tem astros no céu não existe cheiro não existe
Existência combustível substância verbo falta elemento
No organismo falta organismo no meu dia inorgânico
Sem química física demais ciências pairam a
Inconsciência a consciência sem a quântica
No anzol a isca sou eu do arpão o alvo da justiça
O réu do criminoso a vítima da mulher a
Repulsa da família a ovelha negra tudo
Que se procurava não era encontrado
Perdido com destino traçado de feto
Abandonado gostinho de fel na boca
Sorriso de hiena nos lábios avancei
Vampiro sedento na minha noite adentro
Sem sangue puro de virgem para beber de
Manhã um morcego de asas quebradas tenta
Fugir da luz cai no vago da estaca da cerca
Que o menino puxa esmaga o morcego infeliz
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