Quero morrer de olhos bem abertos
Com toda a vida a entrar pelos meus
Olhos toda a natureza universo com toda
A vida a se esvair de mim quero morrer
Com os olhos bem abertos na tragédia catástrofe
Naufrágio ou naturalmente mas de olhos
Bem abertos sem temer a morte a sentir
Ao mesmo tempo a vida a entrar a sair
Ávida para viver ou para morrer tanto faz
Não quero meu espírito para se agarrar a
Nada nem a nenhum pecado capital
Não quero minha alma presa nem mesmo
Às religiões quero morrer com os olho
Bem abertos com toda a morte todos os
Mortos a entrar pelos meus olhos toda
A morte que fui a se esvair de mim
Quero morrer com os olhos bem abertos para olhar
Pela primeira vez nos olhos de alguém nos
Olhos das coisas dos animais dos passarinhos
Morrer enfim assim para olhar nos olhos das estrelas
Não chorem um poeta morto jamais nunca
Não o mandem flores mortas nunca jamais nem
Depositem velas ao pé do féretro não precisará
Mais de luz é só a treva de volta às trevas
A poeira de volta ao pó o pó de volta ao caos
O caos a voltar ou a ir não se sabe para aonde
Quero morrer de olhos bem abertos sem agoniap
Sem angústia sem remorso se vivi se não
Vivi não quero confessar tive o que mereci
Se não tive foi também porque mereci ou de repente
Não mereci nem viver até não mereça uma
Morte digna de homem de ser humano de gente
Quero morrer de olhos bem abertos para enxergar a áurea
De todo mundo o ângulo de quem tem de quem
Não tem o ser de cada um a se debater na lama
O ente a querer a gota d'água sem a ter
Tal o peixe que morre de sede ou que morre
Afogado quero morrer de olhos bem abertos mesmo
Sem ter o privilégio de encontrar
A verdade que tanto procurei
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