A cabeça cheia de ana c
Cortou os pulsos com a lente de contato
Num suicídio de haraquiri imediato
As tripas esvaíram do sangue malfadado
Vendeu a biblioteca para beber
Bebia todas não tinha como pagar
Levava os livros ao dono do bar
Que os recebia com sorrisos no olhar
Enchia os copos com ambição
A cada dose um volume
A cada volume uma dose dupla
Descobriu que sábio era o dono do bar
Não tinha como refazer a biblioteca
A casa ficou morta sem livros na parede
A estante resistiu até pulverizar-se
Foi colocada em partes ao meio-fio
A rua vazia ficou feia sem poesia
O defunto da estante não foi velado
No velório a chuva molhou a madeira
Envelhecida o sol secou o vento levou os
Resíduos para longe do infinito
O suicida com a cabeça cheia
De ana c não tinha mais o que
Beber a sede não parava de
Querer os livros não existem
Mais para trocar por bebidas
Sem livros o dono do bar com sorrisos
No olhar não olhava mais com
Sorrisos no olhar mesmo
Ao mostrar as cicatrizes nos pulsos
Os vestígios de sangue nas tatuagens
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