quarta-feira, 30 de maio de 2018

A poesia morreu; RJ, 0210301995; Publicado: BH, 07092009.

A poesia morreu
É a morte do poema
Da ode dos sonetos
Morreu a literatura
Os contos os romances clássicos
Enterraram escurinho era um escuro direitinho
Agora está com essa mania de brigão
Parece praga de madrinha ou macumba 
De alguma escurinha que ele fez ingratidão
Saiu de cana ainda não faz uma semana
Já a mulher do Zé Pretinho carregou 
Botou abaixo o tabuleiro da baiana
Porque pediu fiado e ela não fiou
Já foi no Morro da Formiga procurar intriga
Já foi no Morro do Macaco e já bateu num bamba
Já foi no Morro dos Cabritos provocar conflitos
Já no foi no Morro do Pinto acabar com o samba os livros
As fábulas as parábolas
Onde estão os hinos
As histórias os salmos
Os cânticos as cantatas?
Ninguém ler mais
É a fobia aos livros imortais
Aos grandes autores
Aos escritores clássicos
Que nostalgia me dão
Que saudades tenho
Se fosse Jesus Cristo
Ressuscitaria a poesia
Que não pode acabar
Não pode ser enterrada
Temos que voltar à origem
Salvar o que resta ainda
Da destruição geral
Valei-me meu são Rimbaud
Volta enquanto é tempo
Ninguém quer mais saber do saber
É só apertar botões de teclas
Lá se vai a criatividade
Cérebros enferrujados
Baniram a inspiração
Todos estamos cegos
Perdemos a visão

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