Dirigiste-me um apóstrofe
Ao pôr apóstrofo logo que comecei a falar
A tua interpelação aos ouvintes,
Em meio à minha narrativa
Foi incisiva direta que inibiu-me
Nem terminei de falar
Falaste que ias apostrofar-me
Não perdeste tempo
Deixaste toda a plateia como
O sinal que indica elisão em supressão
Nas pronúncias dos meus vocábulos,
Baixei um apostema sobre ti
Como a perpendicular baixada
Do centro dum polígono regular
Sobre qualquer lado
Tinha que impedir a tua apoteose
Tua deificação inclusão no número das deusas
Na cerimônia entre os gregos romanos
Acabar com a cena o acontecimento
De tua grandiosa glorificação às minhas custas,
Frear teu ar apoteótico
Apesar da minha mudez
O engolimento de minha língua
O apoucar que legaste-me
Reduziu-me a pouco
Diminuiu meu tamanho
Abreviou minha assinatura
Amesquinhou meu ser
Humilhou todo o meu conjunto
Barbarizou tudo que existia em mim
Que era para oferecer-te na esperança
De melhorar o inferno eterno
Que acabaste de receber o habite-se
Para passar teus últimos dias
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