Estou a ficar velho
Nem mijar consigo mais
Não sei se é a próstata
Ou se é a acraturese
Que por atonia da bexiga
Torna difícil a micção
Só que gostaria de envelhecer
Igual a um acratóforo
Vaso para beber vinho
Usado pelos gregos romanos antigos
Vou morrer breve
Sem o elemento de composição
Sem o sentido de puro
Sem ser genuíno
Tive a vida toda
Para ser depurado
Numa pessoa melhor
Não aprendi a ser acrato
Não aprendi a não ser misturado
Não misturar as coisas
Hoje débil e sem forças
Tenho dificuldades até
Para levar aos lábios
A taça que contém o vinho
Gosto dum bom vinho
Mas não sou um acratófilo
Sou só um velho bobo
Solitário arrependido
Que não soube viver a vida
Não soube ser feliz
Nem fazer a felicidade
Dalgum ser qualquer
Quando chegar a hora de acovar
Não posso nem escolher o lugar
Escolher o terreno para enterrar
Vou me encovar em qualquer lodo de pântano
Nenhum comentário:
Postar um comentário