Só vejo os campos secarem
Com o calor a seca a estia
Só vejo o sol devastar não chove
Sinto assolar o verde
Pôr no chão a esperança
Destruir a natureza
Arrasar com tudo as queimadas
A assombração não passa
O fantasma continua
Com a aparição da fumaça
Tenho medo das coisas sobrenaturais
Das forças imaginárias ocultas
Que matam o capim pela raiz
Emagrecem os bois
Fazem fugir os passarinhos
O homem fica assombrado
Com o semblante cheio de sombras
Assombro no espírito
Ao ver assomar à porta
A morte que começa a mostrar-se
Por uma abertura
Ou por trás duma coisa
Ou por trás doutra coisa
Uma cisterna abandonada
Um poço cheio de areia
A terra ressecada dura
A magoar os pés teimosos
Que persistem em encontrar
Um vestígio de vida qualquer
Um fim de sofrimento
Uma gota a anunciar chuva
Para verter por veias secas
Igual o sangue arterial
Que sai orgulhoso do coração
Bombeado sem assombramento
Sem fazer obscurecer as vistas
Na ânsia de regar o corpo
Nos mais recônditos lugares
Mesmo ameaçado pela artenia
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