Escrever só para impressionar aos mortos mais nada
Escrever só para impressionar às rochas
Que formam os rochedos às pedras que
Machucam nossos pés pelos caminhos os
Fantasmas de Salvador Dali às criaturas
Abissais é por isso que quero escrever
Para impressionar as estrelas cadenciar
As explosões as tempestades solares não
Não escrevo para impressionar vivos vivos
São mortais mortos que Jesus determinou
Que inumassem aos seus próprios mortos
Vivos são poeiras vestígios simulacros não são nem
O que aparentam ser não não escrevo para vivos
Tenho o mármore tenho as borboletas besouros calangos
Tenho os seres que existem por si sós tenho as flores
Os frutos tantas coisas que até esqueço a brisa
O sereno o orvalho a chuva sou mais rico do que imaginava
Então para que escrever para os indiferentes?
Para que escrever aos indiferentes? melhor então
Escrever para os deuses os espíritos os demônios os
Santos os orixás melhor escrever para os esqueletos
Esquecidos retorcidos pulverizados que já
Viraram cinzas nos labirintos nos meandros da vida
Leprosos cancerosos surdos mudos cegos prostitutas índios
Negros homossexuais Madame Satã
Gerônimo portadores
De paralisias cerebrais tetraplégicos pobres miseráveis
Desgraçados viciados marginais assassinos estupradores
Travestis cadeeiros loucos psicopatas esquizofrênicos
Comatosos irreversíveis torturadores policiais políticos
Burgueses elitizados réus vítimas azarados traficantes
Contrabandistas mafiosos fetos abortados carniceiros órfãos
Arthur Bispo do Rosário Lucas Ivanovitch Furtado Medina
Alucinados inconscientes escrever só se for
Para mortos sombras penumbras escuridões
Eternas do outro lado da lua escrever
Só para o que é captado pelos buracos-negros
Poeiras cósmicas meteoros meteoritos não não
Nunca escrevo para vivos
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