Enterrem meu coração
Nas serras montanhas de Minas Gerais
Daqui não quer sair
Nunca mais enterrem-me
Nas chapada ladeiras neste sol
Neste céu neste torrão sagrado
Que me pariu deste jeito que sou
Tomei gosto pela terra pelo mato
Orvalho sereno que molham o
Ferro enterrem nestes veios de ouro
Diamante pedra viva rocha maciça
Tudo que por ventura for sobrar de
Mim gosto de viver assim gostarei
De morrer com o mesmo gosto
Com o mesmo gosto de cachaça boa
As mesmas inteligência sabedoria
Mineiras a falta que tudo que
Tem aqui me faz quando estou
Fora daqui enterrem-me nesta
Chuva neste vento nesta rapadura
Que quase não encontramos mais
A tradição a conversação a
Política das velhas raposas os
Ribeirinhos o Velho Chico a força
Do folclore o amanhecer entardecer
O anoitecer aqui é bom para se viver
Melhor ainda para se morrer
É por isso que quero ser enterrado
Aqui sem lápide sem jazigo
Só eu a terra a terra eu enterra
Só meu corpo a argila o barro branco
O esqueleto que na pós-história
Algum arqueólogo do futuro
Guardará por relíquia.
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