terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A um outro irmão; BH, 0140402002; Publicado: BH, 16/12/2010.

A um outro irmão este manuscrito que faço a ti não se
Transformará em nenhuma obra-prima não terá
O legado duma obra de arte ou dum clássico
Da literatura universal muito menos terá a
Importância dos Manuscritos do Mar Morto porém
É um manuscrito que tiro das profundezas do meu
Coração afasto com veemência o parturiunt montes
Nascetur ridiculus mus estão em dores de parto as
Montanhas nascerá um ridículo rato não deixarei
Que a maldição que Homero dizia dos escritores
Que faziam grandes alardes da obra que iriam
Publicar afinal não passava o livro dum rato
Ridículo vingue quero ficar distante desta máxima que
Aplica-se ainda hoje a todos os medíocres da literatura
Tenho horror à mediocridade à falta de assunto
À ausência de cultura para alguém da tua
Altura quanto mais pauca sed bona melhor
Para fugir do enfadonho do piegas para
Revigorar usar o escrito elastério a força elástica
Da palavra a elasticidade das letras compor a
Reação compor a energia para resgatar a poesia
Produzir um poema élate tal o gênero de palmeiras
Muito semelhante ao das que produzem tâmaras ser
Um ente de luz própria um elaterídeo da espécime dos
Elaterídeos família dos Coleópteros a que pertence
O pirilampo ser um eleata natural de Eléia Grécia
Da escola filosófica que é o que falta para se ser
Aquilo que eleva o peso eretor elevador da moral
Elator da razão da virtude do valor que
Cada um carrega dentro de si um bem só
Proveniente originário d'alma emanante do
Espírito igual ao emanacionismo a doutrina gnóstica
Que ensina a criação dos anjos dos homens por iguais
Emanações de Deus que servirá para emalhetar a
Ignorância reunir os defeitos como se fossem tábuas
Imprestáveis por malhetes ensamblar fazer o travamento
Da covardia a ensamblagem do medo não deixar
Transparecer por emalhetamento de madeiras por malhetes
Este enredar não é feito em papiro nem em pele
De carneiro defende mais do que semelhar protege
Mais do que prender ou cobrir com armadura de
Malha serve mais para colher do que para perder
Os frutos é este o meu melhor elixir o mais
Saboroso xarope de alcoolato a minha bebida mais
Deliciosa é o que tenho para oferecer o que há
De melhor em mim a minha pedra filosofal
Venho do árabe al iksir sou a matéria com que
Pretendo transformar todo qualquer metal que
Há dentro de mim em ouro se não der
Mano velho não pretendo emalar meu sonho
Não quero meter na mala a realidade guardar
Arrumar um lugar num canto num sótão num
Porão para esconder o que sai do meu coração
Teu pai está no CTI meu pai está no CTI
Nosso pai está no CTI está sozinho
Estás sozinho estamos sozinhos no universo
Isso dói demais expulsar a dor é difícil
Fazer sair o sofrimento aliviar a infelicidade
Não conseguiremos nunca pois nada irá mudar
O nosso mundo sinto-me aliciado pelas coisas ruins
Atraído pelo mal vejo-me elícito só pelo que
Não presta desde rapazelho dos tempos em que
Aprendia no grupo escrevia em folhelho
Caderno feito em papel de embrulhar pão gostaria
De poder fugir de tudo que é depreciativo
Gostaria de galgar mais alto me livrar
Do sufixo diminutivo mas não sou um elfo
Não posso voar não sou um gênio aéreo da mitologia
Escandinava estou mais para ovelha uma abelha
Sem colmeia meu destino é a elfa a cova para 
Plantar bacelo já que meu pensamento elevatório
Minha busca pela elevação não me resgatará mais
Não me depositará no eliseu na mansão dos heróis
Dos justos depois da morte não desfrutarei os
Campos Elísios nem o lugar ocupado pelos homens
Virtuosos o elísio segundo a religião greco-latina
Sei que a culpa é só minha sou o elo
Formador de substantivos que indicam diminuição
A ideia que já desapareceu dalgumas palavras
Meu castelo é de areia poeira pó gostaria de
Neste elóquio ser elucidativo explicativo na fala
Esclarecedor no discurso destreza de expressão mas
Não sei evitar com agilidade o embaraço da voz
Nem eludir o enrolamento da língua quando
Se prende no céu da boca nos emudece
Aí aumenta o afastamento peco-me no alongamento
Cada vez maior da distância dum ponto qualquer
Em movimento vibratório ao ponto de origem
Nem tenho conhecimento preciso da elongação
Distância angular entre um planeta o sol
Ao ser o vértice do ângulo no olho do observador
Este é o emboçamento da obra que pretendo começar
É o ato de prender uma às outras as palavras com
Argamassa as telhas no acafelamento rebocamento
Emblemático teor simbólico emblema de emboava
Que entrava no sertão em busca de minas de ouro
De pedras preciosas com embirra com teima
Antipatia do medo aversão à covardia quero
Superar ainda a impostura que quer me caracterizar
Banir o engodo repelir o embuste desprezar o
Embeleco intriga a falta de referência salvar
O embelezador deste manuscrito que nem mesmo 
Sei o que é espero um dia descobrir ser a causa
Deste aformoseador o criador deste alindamento
Que se não engrandecer-me duma
Coisa tenho mais do que certeza irá
Engrandecer muito mais a ti que és o dono

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