Não sei o que é que está para acontecer comigo
Penso que estou enfeitiçado pois não consigo tirar
Os olhos dos olhos dela ai que azul de doer
Tem aquele olhar que tom de verde infinito
Que até parece a flor do mar não consigo
Tirar a boca dos lábios dela ai que sabor
De mel de jataí não consigo tirar os lábios
Daquela boca fui possuído por tudo em conjunto
Em todo espírito por espírito ser por ser
Alma por alma ente por ente corpo por
Corpo deixei de existir deixei de ser
De falar por mim sei que non decet
Não convém porém não sei mais o que fazer
Não sei o que está para acontecer comigo sempre
Foi assim mas com ela a coisa mudou
Meu pensamento non liquet não está claro
Não convence nem ao mais ingênuo dos inocentes
Sei que om nia vincit amor o amor vence tudo
Mas o que está neste acontecimento é uma paixão
Que já superou o amor é um sentimento eclíptico
Que fechou acima da relação com os eclipses
Com a eclíptica fiquei fora de minha memória
Aumentou o meu esquecimento sofri com a maior
Ecmnésia como o fenômeno pelo qual fragmentos
Da minha vida pregressa se apresentam à
Minha consciência são revividos como se fossem
Sentidos no momento atual é um efeito que me
Causa a mais pura amnésia que também vai
Ser pronunciada em meu cérebro viciado
Só a lembrança em benefício dela o eco
Que exprime em mim a ideia depreciativa
Com o parco momento em que me encontro
Diante dela sinto-me um jornaleco desempregado
Um fordeco enguiçado perdido no ambiente nativo
Sem meio e sem ecologia sem oikos sem casa
O ecô para chamá-la de volta sai mudo
O brado de que se servem os caçadores para
Açular os cães os vaqueiros para tanger o gado
Mais parece um miado de gato desmamado
Por segundo choro nesta ecolalia lamento
Nesta repetição automática de palavras ouvidas
Peco-me na ecometria erro no cálculo da
Reflexão dos sons quebro o ecômetro esqueço
A régua graduada que se emprega em ecometria
Meu coração se enche de melancolia
Dormiu fiquei acordado a velar o sono
Dela desesperado por não ter entrado no
Seu sonho na mansão que constrói enquanto
Dorme não tenho o emprego de economato
Vi-me sem cargo sem o ofício de ecônomo
Nasci para ser o administrador de sua casa
Ser o seu despenseiro o seu mordomo o
Guardião na hora do ecpiesma na hora da
Fratura no crânio quando as esquírolas comprimem
As membranas cerebrais para não permitir que fuja
De dentro de sua cabeça o meu fantasma predileto
O perfil edílico refletido como imagem no espelho
Da sua retina do seu furor edificante sua
Fúria atenuante mas de teor edificativo que
Faz duma edícula um palacete duma pequena
Casa uma mansão sinto-me num nicho para
Imagens um edificador construtor de oratórios
Para vistoriar todos os compartimentos acessórios
Separados da construção principal unidos por
Ideal de qualquer parte ou local de edessano
De Edessa na Ásia ou do natural e habitante de
Teófilo Otoni donde começou o estudo edeológico
Do grego aidaion partes sexuais logos tratado dos
Órgãos da geração donde nasci desdentado
Continuo um edentado na minha edeologia
Não sei o que é que está para acontecer quando estou
A escrever ainda mais quando tento fugir
Com o coração edematoso cheio de sangue edemático
Dum amor que só sabe edemaciar produzir edemas
Do tipo edaz cada um mais devastador do que o outro
Cada um mais voraz mais edacínimo a ponto de minar
Forças energias que sonho sustentar resistir
Para colocar no eixo do caminho o andar correto
Quero a parte de mim que está com ela
Sei que me pertence tem que devolver
Para mim tudo do meu eu que ela se
Apoderou na sua ganancia de posse de
Pretensão desenfreadas mas não tenho jeito
Parece que gosto de não ter jeito nem
Gesto de repreensão de repulsão ou contrariedade
Deixei-me dominar só pela força do olhar
A doçura da boca o frescor da saliva a
Maciez dos lábios a brancura dos dentes
O leite no peito o mel no seio o sangue na veia
A seiva no sexo tudo parece ter algum
Nexo nesta minha prisão obsessão maior
Do que uma impertinência que chega ao auge
Duma vexação pública à mania de perseguição
Ideia impulso que não podem ser eliminados
Pela lógica ou raciocínio é algo que tende a
Impor-se ao ego que para evoluir paralelamente
A teima em resistir mesmo sem ser aceito
Por minha consciência se ainda fosse só uma
Ideia fixa que distingue-se porque é aceita
Não me faria tanto mal mas não há de ser
Nada tudo neste mundo passa se ela é feliz
Assim a mim não me importa que eu seja
Não existo só porque ela possa existir não vivo
Para que ela possa viver o que importa é que
Ela seja feliz eu pobre e ela rica eu fraco
E ela forte eu com o azar e ela com a sorte
Do lado dela a vida e do meu lado a morte
O caminho dela a levará ao céu e o meu
Com certeza me levará ao inferno
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