Cacei-me até me afuroar
Com furão do aforismo
Em mim nada encontrar
Ao indagar-me com empenho
Pelos caminhos da verdade
Descobrir o esconderijo da liberdade
Esmiuçar o tesouro onde
Está enterrada a inteligência
Fui o meu próprio afuroador
Meu próprio esquadrinhador
Meu obstinado esmiuçador
Depois de todo afuroado
Procurado indagado
Esmiuçado até aos meus confins
O que foi que encontrei de mim?
Nada a não ser este afurá
Este bolo de arroz fermentado
Gordo inflado inchado
Que não dá para aproveitar
Encurralado afunilado
A gordura a descer
Em forma de funil
A banha a encobrir
O último suspiro aguçado
Dum pensamento desesperado
Só me resta afundir na lama
Afundar na fossa da sarjeta
Que lá é que é o meu lugar
Donde nunca deveria ter saído
Para poder respirar
Podeis me afumar por inteiro
Submeter-me ao fumo defumar-me
Deixar-me apanhar gosto ao fumo
Igual a uma comida
Podeis-me tornar escuro no escuro
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