terça-feira, 14 de agosto de 2018

A minha vida ferida; RJ, 1981; Publicado: BH, 090702012.

A minha vida ferida
A vou levar
No peito na raça
Na cara na marra
Na porrada no grito
É o único jeito
Não tem mais jeito
Para melhorar
O negócio é brigar
Gritar lutar,
Comer as fezes
Que o diabo cagou
Sentir na carne
A brasa viva
Sentir na boca
O gosto azedo
Da vida que levo
Não sei se é vida
Não sei o que é
Só sei que é dura
Não sou mole
Sou um toco de pau
Uma raiz ruim de ferver
Um osso duro de roer
Mas mesmo assim
Sinto o peso
Sinto a dor
Sinto o sabor
O gosto da morte
Preso na garganta
A língua dura a me sufocar
A me enforcar
A minha vida
Vou a levar
Mas não deixo cair o pano

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