Em minha frente tem um muro
Às minhas costas tem uma parede
Dum lado tenho um vão doutro
Tenho um não em cima de minha
Cabeça tenho um sim a meus pés
Tenho um caminho que devo andar
Sozinho de dentro de mim não
Sai nada o que entra em
Mim me polui me estraga os
Pulmões me faz perder os dentes
Meus cabelos caem meus olhos
Não vêem em frente passam
Silhuetas que não são minhas
Passam sombras não identificadas
Penumbras me cobrem prendem-me
Ao manto atolo-me no pântano
Escorrego no lajedo caio no
Precipício sofro um suplício não
Consigo chegar sei o que vai não
Consigo achar sei que tudo perdi
Nunca tive nada nem tenho
Vontade de ter nem ânimo nem
Prazer todos perguntam-me o que
Vais fazer? confuso não sei o
Que responder quem é que sabe?
Pergunto também já vazio de indignação
Pois não sei encher-me de nada
Só esvaziar-me como um balão
Uma bisnaga de festa de aniversário
De criança uma língua-de-sogra
Um apito um saco de balas pipocas ou
Outras guloseimas quando acaba
A festa as crianças vão embora
O lixo que fica que ninguém
Mais liga dos restos esquecidos
Das sobras para os que sobraram
Estava abandonado no sobrado
Estava abandonado no sobrado
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