quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Llewellyn Medina, Lembro-me bem do velho Panzá; BH, 0300102010.

Lembro-me bem do velho Panzá
E de suas sete filhas
Era um homem humilde
Indefectível chapéu de palha
Barba rala sempre por fazer
Um sorriso enigmático nos lábios entreabertos
Pernas curtas e lépidas
Um andar desajeitado e vadio.

Dizia-se que na Quaresma
Panzá transformava-se em mula-sem-cabeça
(Mas eu nunca vi).

As mães amedrontavam os filhos
Que não queriam dormir
Vou chamar o Panzá!
Diziam
E o sono vinha logo
De mãos dadas com indizíveis pesadelos.

Mas nos dias faustos
Panzá era agradável
Passeava com sua pobreza
Pelo pobre Pau Velho
E nesses dias ninguém tinha medo.

Um domingo ou outro
Víamos as filhas de Panzá
Eram sete
Vestidas com roupa domingueira
Sua mulher nunca vimos
Acreditávamos que Panzá
Não tinha mulher
E que suas filhas tivessem vindo ao mundo
independentemente de mãe
Afinal dizem que já tinha acontecido antes
Era mais um mistério
Que não explicava Panzá
Enquanto o temor/respeito por ele crescia.

Ah! Velho Panzá de minhas lembranças!
Ah! Velho Pau Velho!

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