Chegou a arranhar meu coração
Feriu-o levemente com as unhas
Com instrumento pontiagudo
Feito punhal traspassou-o
A culpa foi minha
Que a quis conhecer mal
Não quis saber da matéria
Da ciência da língua
Para poder comunicar-me
Toquei mal o instrumento dela
Não ficou satisfeita feliz
Não ficou saciada
Quis então esfolar-me o couro
Arranjar uma maneira
De me fazer sentir no fundo
O seu descontentamento
Dispor em ordem os meus defeitos
Arrumar um pretexto
Para destruir as qualidades
Que preservo com tanto esmero
Tanto fez que chegou a conseguir
Deixar-me um dia sem sorrir
Passou a se adornar para outros
A se enfeitar para outros olhos
Consertar outros espíritos
A se conciliar com outros corações
A obter uma boa situação na vida
Para me deixar à morte
Conseguiu um bom emprego
Para invejar-me
Pois estava desempregado
Está a se preparar para a minha ruína
Não quer mais amigar-se comigo
Tudo por causa duma noite
Mal dormida ao meu lado
Não dividi bem a cama
Não se sentiu amada mulher
Foi á forra de fato
Deixou-me no sapato
Debaixo da sola
Passa por mim levanta o nariz
Passou a ver-me verme
Como algo indesejável
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