Já não tenho mais ânimo findou-se em mim a resistência
Queimei todo o gás o fogo apagou-se
É a velhice que chegou para ficar a acabar comigo
Não há calor que aqueça este corpo deflagrado
Aqui jaz eu em minha própria sepultura
Em mim sou mesmo o meu túmulo sobre
Mim coloquei a minha lápide a tábua de
Mármore fria tão fria quanto meus pensamentos
Tormentosos que povoam meu cérebro nem consigo
Livrar-me pois são tenebrosos a deixar minha
Mente em pânico mas nada percebo além disso
Ignoro demoro a encontrar a razão o que
Matou-me foi a dor pensava que era a dor ou
O sofrimento não tenho nem noção do que
É a dor do que é o sofrimento perder o prazer?
Findar o gozo? a força? isso me parece não ser nada
Para quem nunca teve prazer gozo força? pois é já não
Tenho movimento direção sentido não pastoreio mais
Os rebanhos não toco mais a flauta de Pan por onde me
Arrasto as ninfas se escondem nos bosques nos rios
Fontes montanhas fogem para bem longe nuas há muito
Tempo que não sei o que é uma moça bela bem feita de
Corpo sinto que causo arrepios em todas sem
O nimbo da vida que me iluminava caí no
Labirinto só saí doutro lado da noite
O minotauro já me esperava adivinhou que
Estava para ir ao encontro dele com o mesmo
Olhar do touro postado diante do toureiro trespassado
Pela espada aguardo rendido pacientemente o golpe
Fatal que será dado em minha nuca por meu
Algoz com um punhal já perdi meu tempo Proust
Não me salvou todas as águas das minhas veias já
Rolaram pelas areias entram eras saem eras o pó
Continua a ser levado pelo vento nas estradas só
O espectro de homem é que não deixa marcas é o
Único que passa incólume anônimo incógnito até
Mesmo as rochas as pedras os cascalhos demonstram
Consciência impõem presença só o espectro esse
Sonâmbulo autômato que vem ali que não deixará
Nada por aqui nem os ossos como que serão moídos
Transformados em moléculas cujas partículas serão
Espargidas nos inconscientes universais até nunca mais
Ou a encontrar um novo acelerador
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