Quero cobrir com alfombra
Os caminhos por onde tiver de passar
Alfombrar minhas sendas
Atapetar as veredas arrelvar os atalhos
Tirar de cima de mim a alfonsia
A alforra das searas que parece
Ser produzida por uma espécie de cogumelo
Tirar de cima de mim a ferrugem das
Plantas de quando nos mantemos no meio delas
Quero ver alfombrado meu esconderijo
Atapetada minha gruta
Arrelvada a caverna onde
Vou construir o meu sepulcro
Quero pisar meu chão de alcatifa
Como se fosse um tapete natural
Não usarei nos pés calçados
Os manterei sempre num viveiro
Fresco de plantas num canteiro
Entre dois regos por onde
Corre água cristalina
Um alfovre de sombra
Um alfofre de fofo macio
Um alfobre terno de ninho de passarinho
Alfim da vida ali permanecer
Afinal de contas procurei todo o tempo
Mereço finalmente repousar a cabeça
Ao cabo duma vida conturbada
Cheia em demasia de altos baixos
Mais baixos do que altos baixios
Quando passar este meu alfeninar-me
Não tornar-me deveras mais frágil
Mais melindroso do que já sou
Tão delicado que pareço efeminado
Toda a minha trilha abrirei com alferça
Romperei com alferce o espinheiro
Com picareta as pedras com o alvião
A erva daninha o mato cerrado
Quero tudo limpo no meu caminho com o enxadão
Quero tudo limpo no meu caminho com o enxadão
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