Lembro-me do meu galo
Que tinha lá no Rio de Janeiro
Galo valente feroz que igual
Nunca cheguei a conhecer
De tudo que fosse alectório
Que diz respeito a ele
Gosto sempre de recordar
Da pedra alectórica que se julgava
Existir no fígado ou na moela
Nada posso falar da qual
Os prodígios não posso contar
Sei que comi o bicho a moela
O fígado o coração
Não quis nem saber da alectoromancia
A antiga arte de adivinhar por
Meio dum galo que ia a comer
Os grãos de milho postos sobre letras
A formar palavras reveladoras
Nunca preocupei-me em ser um
Alectoromante praticante a não ser
Um edificante comedor de galo
Assado ensopado cozido enfarofado
Muita cerveja gelada por cima
Para não ficar entalado
Muita pimenta da boa
Pinga da melhor qualidade
Pãozinho à francesa
Tome galo descarnado
Pés crista tudo
Quanto mais valente brigão
É melhor para o coração
Quando lembro-me
Do que tive no Rio de Janeiro
Dar-me até uma vontade
De sair por aí a procurar
Um galo igual aquele
Para colocá-lo numa boa panela
A matar as saudades
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