Não posso querer que meus filhos me honrem
Se como filho nunca honrei aos meus pais por
Isso nunca serão prolongados os meus dias na terra
Não posso querer que os meus filhos me respeitem me
Sigam se como filho nunca respeitei nunca
Segui aos meus pais por isso nada posso cobrar
Nada posso exigir dos meus filhos se um dia
Como filho não fui coerente não fui ético nem racional
Não fui lógico nem tomei como exemplo como espelho
Os meus pais durante o tempo que convivi com os tais
Sofri motivos de desgosto de vergonha não segui
Um conselho sequer dado por meus genitores
Por isso me conformo em comer o pão que o diabo
Amassou me conformo em rastejar na poeira
Passar por todas as privações percalços que passo ainda
Ter que morrer sem deixar nenhuma herança
A não ser a do medo a da falta de fé de esperança a herança
Da fraqueza de todas as fobias que consegui
Adquirir durante todo o tempo que dura a minha vida
Sinto até vergonha dos meus filhos por não poder
Passar uma imagem de otimismo de força
De poder de potência uma imagem de vencedor de lutador
Brigador guerreiro ganhador de todas as batalhas
A imagem que passo é a da mentira
Da falsidade da ilusão para esconder as derrotas
O derrotado que sou durante toda a existência
O negativismo a superficialidade à flor da pele
Que não consigo camuflar direito como dói
Com todos estes complexos reunidos realmente
Não consigo superar os traumas não consigo
Vencer os dogmas os tabus que à toda hora
Lançam-me em depressão profunda angústia extrema
Agonia terminal que nem mesmo o maior de todos
Os porres é capaz de me livrar acaba por
Afundar-me ainda mais na lama do chiqueiro
Mas tenho consciência que tento sair deste estágio
Tento sobressair e superar estas divergências psíquicas
É duro difícil para uma cabeça de mentalidade
Fraca igual a minha é quase impossível
Porém espero também que os meus filhos não ajam
Comigo da mesma forma da mesma maneira
Que agi com os meus pais apesar de que sei que
Tenho que pagar com a mesma moeda se
Não puder ser diferente que seja do jeito que será
Lamento ter que viver tanta contradição lamento ter que
Suportar tanto peso na consciência de remorso de
Arrependimento de não ter sido o filho que fosse
O cristalino dos olhos dos meus pais
É esta cruz que carrego nas costas igual Jesus Cristo
Carregou a dele para o calvário nela foi pregado
Sem piedade ao ser santo crucificado entre ladrões
Sou ladrão quero andar no meio de santos
Sou ladrão ímpio quero andar no meio
Dos justos sou néscio infame quero andar
No meio dos sábios dos sóbrios ao ser um
Escarnecedor pecador sem salvação a querer
Comer com os reis as rainhas a ser que o que
Espera-me é o convívio om os porcos os vermes
O que me espera é o fogo eterno o lago de
Enxofre de sentimento de dor não
Adianta que não mereço a eternidade
Em outro lugar não mereço a felicidade
Em vida não a merecerei depois de morto
Nem em alma nem em espírito é a verdade
A única coisa que tenho para fazer é chorar
A única coisa que sei fazer é chorar
Chorar por mim por meus pais por meus filhos
Se fosse mais corajoso menos covarde tivesse
Mais fé paixão mais luz no espírito na inteligência
Meu comportamento seria outro meu desempenho
Seria outro não esta incompetência não
Esta decadência física mental longe do
Teor ideal longe do equilíbrio fundamental
Que traz a tranquilidade emocional a qualquer
Mortal que atingiu a evolução atingiu a
Sabedoria a chave do conhecimento não
Esta divergência de ideias esta congestão
De ideais infrutíferos que não levam a
Lugar algum o tipo de indivíduo mesquinho
Fora de estrutura que nem na aparência
Tem dignidade que nem no caráter tem moral
Nem nos atos na estatura tem grandeza
Tem gente que fala que gosto de denegrir
A minha imagem que foi feito macumbaria
Feitiçaria para mim que já até viram
Em revelações em profecias um vudu meu
Coberto de espinhos acontece que nem imagem
Tenho macumbaria feitiçaria só
Pegam em quem existe vudu só dá certo
Para quem é gente tem alma tem espírito
Não tenho não sou nada disso
Quem é que pode fazer alguma coisa com nada?
Sou o nada aonde chego não sou
Observado por que ninguém perde tempo caro
A observar o nada o tempo é precioso só deve
Ser usado em coisas preciosas em algo de valor
De moda que seja novidade na humanidade
Estou só a esperar o meteoro Eros cair para que
Tudo seja mudado transformado espero que
Caia precisamente em cima de minha
Cabeça a pulverizá-la de vez para que
Nunca mais me faça passar por tantas situações
Humilhantes vazias sem pretensões de luminosidade
Pois no princípio quando criou Deus os céus a
Terra no dia certo disse haja luz em
Mim quando fui formado criado quando
Nasci ninguém disse haja luz por isso é que
Sou opaco obtuso a luz me ofusca mesmo a
Luz artificial de dia em plena luz do sol
Não consigo me enxergar nem enxergar
O limite das ruas as janelas das casas dos prédios
Alguém esqueceu de determinar a luz em mim
Alguém esqueceu de me determinar alguma coisa
Perdi a determinante deixei de ser a
Determinante da vida do destino meus
Perdi a vida a alma o espírito
Perdi o tempo física mentalmente
Sinto que não adianta buscar tal Marcel Proust buscou
O tempo perdido principalmente aquele perdido
Em lamúrias lamentações em choros
Reclamações a esperar em orações que as coisas
Sejam resolvidas através dos céus dos santos
Preciso mais é de ir à luta correr em busca
Das soluções das respostas das perguntas que me
Afligem me atormentam a me encher de dúvidas
A me cobrir de sombras de trevas de labirintos
Por onde vago sem encontrar o fio de lã
Que me levará à saída a fugir do Minotauro
Ao quebrar o espelho por onde a olhar a
Imagem da Medusa a mataria com a espada
A jogar água na fogueira onde queimava
O galho de árvore para enfiar no único olho
Do Ciclope Polifemo a cegá-lo a impedir que
Até me devorasse de tira-gosto depois do vinho
Tudo em minha vida me impediu que
Até me transformasse em herói tudo me
Impediu que me transformasse em homem
Que subisse a escada deparasse com a
Palavra chave a resposta fatal a pedra fundamental
Quebraram os degraus da escada despenquei ao
Chão meu lugar predileto dali não me
Levantei mais ali mesmo fui velado colocado
No caixão erguido o meu sepulcro para
Quem pensou acabou começou o estado de decomposição
A briga dos vermes pelos melhores pedaços de carne
O banquete macabro onde em pouco tempo
Fui totalmente devorado a ficar só os ossos
Brancos como se fossem de marfim que num
Futuro podem ser recuperados por um arqueólogo
Considerado o fóssil dalgum ser que existiu
Há milhões de anos numa era remota
Desconhecida a era das trevas da falta de luz
Principalmente a luz interior que até hoje
Não consigo encontrar quem a tenha onde
A conseguiu pois agora feito fóssil que procurou
Na época da era em que andou sobre a
Terra não a conseguiu não a descobriu
Nem a inventou nem a roubou como
Prometeu que roubou o fogo dos deuses para os
Humanos foi condenado a ter o fígado
Devorado pelos abutres amarrado ao alto dum pico
Se pudesse também faria a mesma coisa
Roubaria a luz para os homens mesmo que tivesse
Que pagar um preço maior do que o que Prometeu
Pagou espírito de Machado de Assis me visita
Espírito de Homero me visita espírito de Dante me
Visita espíritos de todos os deuses do Olimpo:
Visitais-me espíritos de todos os grandes mestres
Todos os grandes célebres da humanidade me
Visitais me façais espírito também para que
Possa ser aceito no meio de vós para que
Possa superar tudo que não consegui
Como vil mortal como homem comum saco
Cheio de erros de defeitos de mágoas rancor
Saco cheio de mentiras falsidades ilusões
Saco cheio de fome de pobreza de miséria
Espírito da justiça de todos os justiceiros me
Visitais que preciso crescer preciso fugir
De todos os elos que impedem minha liberdade
Minha coragem minha fé na luz na
Esperança preciso crescer para vencer ganhar
Chegar em qualquer lugar de cabeça erguida
De peito estufado com timbre na voz luz
Brilho no olhar a demonstrar que ali
Chegou um novo filho um novo pai um
Novo homem um novo ser todo mundo
Tem que notar notar a diferença notar o
Nível notar o porte os atos todo o composto
Novo toda a composição compostura designação
Não poderá haver o apesar de tudo o pelo
Menos tentou a mudança tem que ser outra
A transformação a metamorfose têm que
Ser o fim da era da mediocridade a
Entrada na era da evolução do fim
Da mesquinharia do início da criação
O princípio de quem quer vai crescer o
Desejo de quem quer vai mudar o destino
Almeja chegar ao fim da linha sem
Importar com o primeiro ou o último
Lugar sim em chegar em cruzar a reta
Final igual a um cavalo no jóquei em
Dias de corridas de grande prêmio competição
Meus filhos deixo a vós esta minha herança
Linear espero que não fiqueis tristes
Por herdar do pai só estas linhas estas frases
Repetíveis nestes papéis de jornais porém é tudo
Que realmente tenho para deixar a vós
Gostaria de deixar dinheiro muito dinheiro
Bens condições de adquirireis mais
Bens porém só sei deixar poesias poemas prosas
Odes elegias tolices burrices tudo
Que um ser humano carrega dentro de si
Não vou falar que deixo amor paz certeza
Segurança no futuro o crítico chama a isto de
Pieguice demagogia mas mesmo assim
Vou falar que meu coração é pequeno para
Caber todo amor que sinto por vós os críticos
Pensam que o Lucas é doente que tem que ser
Curado que tem que ser internado que
Quando crescer mais se tornará inviável
A convivência com ele quero dizer
Que estou satisfeito feliz com a maneira
Dele ser quero que os críticos enfiem as
Línguas nos próprios buracos do esgoto no cu
Agora tenho que pedir desculpas pela falta
De compostura de educação que me levam
A falar um palavrão na hora mais indevida
Mas o desabafo às vezes nos leva a cometer indelicadezas
A cometer deslizes derrapãos na linguagem
Guardais então para vós mesmos as vossas línguas
Pensais as vossas palavras os vossos atos perdoais
O pai que não soube criar-vos nem soube
Criar um mundo diferente correto certo
Para a felicidade dum futuro melhor
Mais seguro sem as ameaças das guerras
De todas consequências nocivas que
São capazes de trazer à humanidade
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