Não ensaiei o meu papel
Não decorei o meu texto no cenário
Deste teatro sou o pior ator que a natureza
Já formou não mudei nada em mim
Nada mudou que pensava que
Pensava descobri que o meu pensamento
Pregava-me peças do teatro do absurdo
Ninguém entendia o que representava
Era o ator que todo elenco evitava
Trabalhar com ele que nenhum
Diretor tinha prazer de dirigir todo
Autor que escrevia para mim acabava
Decepcionado com o que fazia
Com a obra dele a plateia vaiava
Ululava apupava a plateia era
Trocista a cada passo trôpego
Pelo palco a cada cambaleada eram
Gargalhadas achincalhes escarnações
Não endireitava-me não
Tomava prumo cada vez mais
Cavava minha ruína diante de todos
Continuava pensar que fazia arte
Que fazia cultura estava nu um rei
Despido deposto com o castelo arrasado
Reinado falido cuja rainha fugiu com
O bobo da corte enquanto os vassalos
Riam saqueavam os tesouros dos
Escombros do castelo dentro de mim tudo
Continuava a dormir ainda no pesadelo não
Era sonho pois nunca tive sonho nem
Soube sonhar não persegui com ambição
A oportunidade da sabedoria
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