Não precises dispor de armadilhas
Para pegar-me sou ingênuo bobo
Caio em qualquer cilada
Não precises prover-te de arma
Preparar-te para a guerra
Como se fosse matar-me
Prevenir-te para o pior
Fortalecer-te para a caçada
Sou fácil notório
Podes encontrar-me
Em qualquer armarinho
Loja que vende aviamentos
Miudezas retalhos de tecidos
Em armário embutido
Móvel fechado com prateleira
Gavetas posso ser guardado
Não sou raro nem especial
Não precises procurar muito
Vais ao armazém da esquina
Que estarei lá exposto à vista
À venda no lugar onde se guardam
Mercadorias baratas quinquilharias
No depósito da mercearia
No meio de munição detonada
Cartuchos vazios balas perdidas
Crianças abandonadas mendigos
Dos grandes centros urbanos
Famintos dos países africanos
Catadores de lixo
Crianças trabalhadoras das frentes
De serviços pesados das cidades
Do interior do país
Crianças violentadas
Exploradas sexualmente
Viciados em drogas delinquentes
Não procures me muito
É aí que encontro-me
Na injustiça na pobreza na miséria
Que cercam nossos bolsões demográficos
Não precises ir muito longe
Estou aqui mesmo no Brasil
Estou aqui mesmo no Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário