O jeito agora é adequar meu estilo num estalo
Quem dita regra na literatura
Por ora está a dizer que autor moderno
Não pode fazer concessões à literatura ligeira
Nem de verniz social linguagem rala
Agora? coitado de mim o que que vou
Fazer com esta minha letra simplória? não
Sei escrever com densidade penso que é
Muito confuso como enxergo minha poesiazinha
Em qualquer beira de estrada em qualquer
Casebre casa de pau a pique sapê vou
Morrer não conseguirei adequar-me em
Todo canto recanto vejo meus poeminhas
Ali abandonados tristes órfãos quero ser pai
Quero ser mãe a enaltecer os filhos mas
Só sei fazer assim com esta total falta de estilo
Tenho uma escrita rasteira de submundo
De descamisado de rés do chão sei que
Não agradará aos letrados aos críticos contundentes
Das academias dos liceus tenho um que de poeira
De ralo de pó em móvel antigo de casa abandonada
Cheia de velhas teias de aranhas tenho um que de
Passado de minha avó do meu avô então a
Adaptação para mim será em vão deixarei tudo
Guardado no sótão ou esquecido no porão tal
Era a criptografia que hoje já não é mais
Mistério bom tempo depois de morto pode ser
Que seja considerado um autor sério por
Enquanto vou fazer essas concessões até o
Dia em que encontrar a linguagem substantiva
Que não seja ligeira que nem tenha
Cunho social por enquanto vou-me
Envergonhar esconder-me de tudo
De todos de mim complexado aflito
Melancólico tal qual o fim da tarde no Vale do Mucuri
Lá onde nasci onde as pessoas não aprendem
A sorrir só lamuriar lamentar afligir seu moço
Dá uma ajuda aí qualquer coisa serve
É tudo para quem não tem nada
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