Já andei por longas terras
Naveguei profundos mares
Voei inatingíveis céus
Galguei intensos véus
Segui perdidos caminhos
Matei mil passarinhos
Mas era doido
Menino levado
Moleque danado
Malvado tarado
Cheio de sacanagens
Descobri vastos quintais
Perdi-me em capinzais
Entrei em capoeiras
Armei arapucas
Fiz estilingues
Soltei pipas arraias
Coios papagaios
Conheci guerreiros
Índios bravos
Bichos do mato
Matei cobras
Calangos lagartos
Cacei rolinhas
Papa arroz
Não tinha coração
Tinha uma alma de leão
Cheio de furor
Trepidez coragem
Entrava em espinheiros
Metia a mão em formigueiro
Não ficava em cativeiro
Logo me cortaram as asas
Deixei de ser borboleta
Puseram-me um nome
Um sobrenome um número
Vestiram-me estranhas roupas
Deram-me vergonha pudor
Hoje não não ando mais
Já não voo mais
Hoje já não sonho mais
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