Não sei ser um bom amostradiço
Um expert exibicionista das letras
Um amorudo por palavras
Muito dado ao amor às frases
Apaixonado por versos vernáculos
Sinto meu espírito literário enfraquecido
Meu animo antológico amortecido
Diminuído pela falta de inteligência
Afrouxado sem raciocínio
O que me resta é adoecer de morrinha
Enfraquecer na inhaca de velho
Alquebrar-me despudoradamente
Amorrinhar-me nalgum museu
Procurar casa que sustenta idosos
Abrigo ou asilo pedir a minha amorosidade
Se inda tiver no carácter a minha qualidade
De ser um ser amoroso o que não é fácil
Perdi a juventude sem amoriscar-me
Não tomei-me de amores
Não enamorei-me de ninguém
Aqui um ermitão solitário
Um iletrado perdido num amoreiral
Num campo de plantação de amoreiras
Para deixar de ser o amouco amorenado
Homem servil escuro escravo
Trigueiro que em tudo serve
Sempre bajula defende
Os seus capatazes que se dizem
Brancos superiores
Formados por flores anômalas
Flores amorfófitas irregulares
Que já deram as raízes os caules
O buquê foi deixado de lado abandonado
Formado de flores mortas que perderam
O próprio de namorado da vida do que
É belo que tem namoro com o bem
Vivem sem serem amoriscados
Com o outro lado atormentado
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