À minha avó Ana Felizmina dos Santos
Minha araçá frutífera minha araçazeira
Árvore da família das mirtáceas rezadeira
Meu arbusto familiar sou fruto do teu seio
Minha planta ornamental
Cansei de vê-la no meu quintal
A cortar couve para o almoço
A assobiar pelo canto da boca
Baixinho minha avó rainha arácea
Nome comum de Felizmina
Plantas monocotiledôneas
À cuja pertence as taiobas
Tinhorões os copos-de-leite
Minha Ana princesa com deleite
Gostava de ver a aragem da tarde
A esvoaçar teus cabelos
Cabelos longos mui compridos
Iguais a brisa na viração da noite
Vinhas Iemanjá contar as histórias
Do Romãozinho do Saci-Pererê
Do Pelado da Mula-sem-cabeça
Até hoje guardo na alma
O meu medo de menino
Com medo de te esquecer
A tua casinha no alto do barranco
Hoje não existe mais
Teus cabelos não existem mais
Teu assobio não ouço mais
Guardo só na lembrança
Quando ias acudir-me
Das surras que levava
Nos meus tempos de criança
Essa muito mais do que mais
É a minha avó musa de faraó
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