Não tenteis amenizar minha dor
Mereço-me do jeito que sou
Não tentais suavizar meu sofrimento
Abrandar a tormenta da procela
Que cerca-me por diante por detrás
Que está sempre ao meu redor
Não quero sentir-me amenizado
Com o pensamento suavizado
Este meu modo ameninado
Esta parecença de menino malinado
É só uma enganação pueril
Por trás da carapuça tem um homem
Que no peito não tem coração
Dentro da cabeça só a amência
A falta de raciocínio lógico
A falta de inteligência acompanhada
Com grave deficiência
Mental de congênita
Posso até dizer que a culpa
É a causa geralmente orgânica
Pela ausência do corpo caloso a
Adequar tecido cerebral
Se fosse uma amendoeirana
A planta da família das leguminosas
A conversa seria outra
Mas sou só esta amendoada
Esta emulsão de amêndoas
Este bolo doce que deixa
A boca o estômago amargos
Não uso o amém no final da oração
Na forma aportuguesada do hebraico
O que quero dizer
É que assim seja nos meus améns
De tão amelópico que estou
Não sei nem mais escrever âmen
Estou a ficar cego de verdade
Ou estou a entrar nas trevas
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