Sou uma aranha
Inseto da ordem dos aracnídeos
Tenho cefalotórax abdômen
Patas palpos peludos
Maxilares quelíferas afiadas
Vivo num aranhal cercado de teias
Lugar onde recolho-me escondo-me
Nas trevas nos escombros
Se fosse uma carruagem
Seria das mais antigas lentas
Pessoa vagarosa desajeitada
Perdida na execução de qualquer tarefa
Sem nome dado próprio
Vários objetos com forma no espaço
Têm mais presença
Armadilha para pássaros quebrada
Rede para pescar furada
Perdoeis este aranzel medonho
De discurso enfadonho vazio
Sem coesão incoerente
Tento gritar como a araponga
Ave da família dos contingídas
Tento uivar como o ferreiro
Tenho até a voz estridente
Mas não chega ao telhado
Não passa da minha cabeleira amaranhada
Não supera o voo da arapuá
Abelha da família dos melipônideos
Nem termino o embuste no qual conclui-me
O estabelecimento que age com má fé
Casa velha abandonada mal-assombrada
A armadilha de varinhas dispostas
Pirâmides Quéops Quéfren Miquerinos
Para apanhar inocentes passarinhos
Na arapuca traiçoeira da vida
Prende o canto do Uirapuru
O mavioso canto que embelezava
O amanhecer o entardecer
Das nossas outrora verdes matas
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