São os moradores do espelho
Os outros pois é quando olho para o
Espelho não estou sozinho existem
Muitos moradores no espelho olho vejo
Os reflexos em todos estes meus anos
De vida olho vejo a minha decadência
Minhas rugas papadas bolsas de
Gorduras olho vejo a senilidade a
Demência estupidez a insensatez
É na degeneração que estamos
Mais acompanhados são as fraquezas
As indecisões porque não fiz porque
Fiz porque deixei de fazer é a última
Badalada do pêndulo o sino é surdo
Agora também ficou mudo derreteu-se
Junto com a minha flacidez o que era
Hoje já não é o que é não existe mais
O tempo pesa toneladas de arrobas
Verga todos os moradores do espelho o
Tempo entorta os ossos curva a coluna
Todos já sentem que o momento
Derradeiro está para chegar a última
Hora já está a passar ninguém ficará
Livre desse trem a maria-fumaça
Do destino que passa pelo espelho
No maior desatino a parecer trem-bala
Hipersônico que não conseguimos segurá-lo
Com a mão é por isso que quando
Os moradores do espelho vierem buscar-me
Quero estar preparado não adquirirei
Mais virtude não apresentarei qualidade
Nem sei se terão paciência comigo
Que nunca tive paciência com ninguém
Não sei se terei tempo de fazer um mea-culpa
Se não tiver terei que ir assim mesmo
Brutalizado obtuso do jeito que sou
Sempre espero que os moradores do espelho
Não cobrem muito de mim um mau pagador
Que sempre fui um bom cobrador
Mamãe não apaga a luz vem dormir
Comigo tenho medo do escuro papai
Leva-me para sua cama deixa-me
Dormir convosco tenho medo dos moradores do espelho
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