Lancei na praça meu arrendamento
Fui aquele que quis se ceder por solidão
Não apareceu interessado
Estava disposto a um contrato bilateral
Pelo qual assegurava a outrem
Por certo tempo infinito
Preço indeterminado
O direito à minha exploração
Por unidade ou por econômica
Fui o arrendador ninguém
Quis arrendar-me receber-me ou
Rendilhar na minha arrenda na
Segunda cava das minhas vinhas
Dos meus milharais
Tirar as ervas daninhas
Que impediam-me de florescer
Por mais que oferecesse
Não apareceu arrendatário
Passei a arrengar-me
Abjurar a minha pessoa
Detestar a mim mesmo
Amaldiçoar-me a imaginar
Se ninguém quer-me para amar
Como é que eu mesmo
Posso querer-me
Posso amar a mim mesmo?
Neste arrengo passei
A irritar-me mais ainda
A ficar cego de ódio
A querer arrancar os próprios olhos
Como se fosse um Édipo
Levei tempo para acordar
Tu não estavas ao meu lado
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