No arrijar do meu corpo torto
Quando todas as minhas juntas
Tornarem-se rijas doloridas
Não terei a quem recorrer para
Arrimar-me na necessidade
Apoiar-me no entardecer da vida
Amparar-me nas horas trôpegas
Arrumar-me os passos errantes
Pelas calçadas das ruas
No enrijar dos meus membros
Não terei de quem valer-me
Será arriscado viver comigo
Tudo que implica risco
Fica cheio de velho
Não poderei mais aventurar-me
Expor-me à irregularidade da pulsação
Nem arriscar-me à arritmia
Ou emoções fortes
É levar uma vida arrítmica
Sem ritmo sabor
Sem brilho calor
Verdadeira vida de velho
Leve frágil flácida
Com o corpo a pesar
No máximo três arrobas
Antiga medida de peso
Equivalente a 32 arrateis
Hoje com arredondamento para 15 quilos
No peito o arrochar o arrocho
O apertar do ar muito raro
Nos fracos pulmões o aperto
Nas mãos os nós das dificuldades
A frouxidão dos pulsos
Nos olhos embaçados o engano
Sombras assombrações;
No rosto a falta de arrogância
De altivez com a chegada do fim
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