Um homem triste à beira das lágrimas
Um fantasma a quem ninguém empresta
Um balde d'água para lavar o lençol sujo
Que encobria o cadáver sujo que não
Conseguia levantar da sujeira do
Manto da podridão que era a hora
Derradeira o véu que caiu igual a
Uma rasteira a deixar à vista a
Nesga negra da alma que se dizia
Altaneira jogava pedaços de carnes
De cadáveres nas cabeças dos que passavam
Rente à ribanceira diziam que eram
Hóstia o corpo de Deus jogavam vinho
Diziam que era o sangue até
Comprovavam cientificamente essas tais
Relíquias vendidas ao peso de ouro como
Se ouro fossem aos fiéis enganados diante
Dos santos de barro davam aleluias graças
Clamavam por milagres curavam suas
Feridas acreditavam no paraíso no céu
De vida eterna num firmamento
Bem além do que este firmamento
Quando abriam os olhos diante do
Tormento o que viam no espelho era
O mesmo homem triste real de carne
Osso de nervos de medo com a mesma
Covardia estampada no olhar de herói
No peito milhares de medalhas
Mulheres crianças despedaçadas por
Suas bombas suas minas seus tanques
Seu ódio infinito ao registro da paz
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